1 de mai. de 2012

J. Edgar (Clint Eastwood - 2011) (Spoilers)


Nota: 5/5


Após um hiato devido à falta de tempo, volto ao meu hobby alternativo de crítica de cinema, com a promessa de dedicar mais tempo a isso. Como o tempo é curto, e os filmes, muitos, vamos ao que se trata. Dessa vez, trago um recém saído do forno. J. Edgar é dirigido por Clint Eastwood e estrelado por Leonardo DiCaprio (o verbo não foi usado em vão..), Naomi Watts e Armie Hammer. A história conta a vida do homem que fundou o FBI (Federal Bureau of Investigation - acho interessante colocar a sigla aqui, já que é algo que eu descobri há pouco, e a palavra "bureau", que significa 'agência', é provavelmente a mais falada durante o filme!) e o dirigiu por 48 anos, durante 8 mandatos presidenciais dos EUA. 

Quem já ouviu falar no homem, sabe. Mas, pra quem não conhece, devo informar que J. Edgar Hoover foi uma figura bastante controversa e implacável. Ele devotou sua vida ao trabalho, à função de expurgar da América todos os comunistas ou qualquer possível ameaça ao bem estar do país e a manter a ordem e a moral típicas do bom e velho American Way of Life. A proposta do filme é mostrar a ascensão e "queda" de um dos homens mais poderosos da superpotência gringa, desde o início de sua carreira, no Departamento de Justiça dos EUA até a rápida subida como chefe de uma das organizações mais importantes do mundo, tudo isso marcado por uma dedicação incondicional às regras e um senso de moral afiado.

Até aqui tudo bem, apenas isso já daria uma grande cinebiografia, ostentando os nomes de peso de Eastwood e DiCaprio, mas, felizmente não acaba por aí.
O grande mérito do filme é sua sensibilidade. Não é uma biografia seca e direta, onde os fatos são despreocupadamente apresentados, como se o compromisso com a realidade fosse a única coisa importante, não. Nesse caso, a direção do Clint nos presenteia de uma forma muito incrível, mostrando o ser humano por trás da figura histórica. Os conflitos internos deste são primorosamente representados através da atuação sempre intensa do DiCaprio, vemos a relação dependente que Edgar manteve ao longo de toda a vida com a mãe - sua fonte de obsessão e insegurança - e a relação com seu assistente principal, Clyde Tolson, que acaba se tornando mais do que uma amizade e se transformando numa divisora de águas em sua vida.

Algo bem polêmico em relação ao filme foi a surpeendente não indicação (em nenhuma categoria!) ao Oscar desse ano, uma desconsideração imperdoável, na minha opinião, pois além de ser de qualidade indiscutível, o Leo já merece um prêmio da Academia há muito tempo! E ainda, especula-se que o filme foi deixado de lado por ter mostrado um lado mais humano e positivo da figura mítica de J. Edgar, que muitas vezes foi contra a liberdade de expressão dos filmes de Hollywood.

Com ou sem indicação e desprezo da Academia, creio que o filme conseguiu o que poucas biografias adaptadas pra um roteiro conseguiram: mostrar a história veridica e ao mesmo tempo a complexidade e intensidade dos conflitos que o indivíduo em questão sofre. Isso nos é proporcionado pelo toque sempre soturno mas sensitivo do clint eastwood e da atuação arrancada do fundo da alma do leonardo dicaprio.






Nenhum comentário:

Postar um comentário