Nota: 5/5
Esse é um daqueles filmes que eu não precisei assitir mais de uma vez pra saber que seria um favorito. É baseado na história real de Tobias Wolff, descrita no livro homônimo do longa. Leonardo DiCaprio, Robert DeNiro e Ellen Barkin deram um tom de extrema veracidade à história, que trata de família, escolhas de vida e estereótipos.
Foi lançado em 1993, e traz um DiCaprio ainda em fase de desenvolvimento "maturacional", ele tinha 17 anos na época, mas a pouca idade não teve efeito negativo nenhum, já que essa foi a chance dele de mostrar tudo o que tinha. Mesmo tendo que atuar ao lado do DeNiro, ele não mostrou estar amedrontado em momento algum, e já conseguiu dar uma provinha de como seria a sua carreira mais tarde.
A história verídica fala sobre uma mãe e seu filho, Caroline e Toby (ou Jack, por causa dos livros de Jack London), viajando em busca de um lugar melhor, e que, de preferência, trouxesse fácil retorno financeiro. Ela é uma mulher muito carismática e espontânea, e desde que o pai de Toby morreu, não desiste de tentar encontrar um novo pai substituto. O garoto, no início da história é retratado como sendo inocente, o que muda muito depois de alguns meses na escola da cidade nova, Seattle. Ele se torna um típico adolescente problema: anda com as piores companhias, tem um comportamento subversivo e se veste no melhor estilo James Dean de ser (afinal, estamos falando dos anos 50).
O comportamento rebelde de Jack encontra um fim quando sua mãe começa a se relacionar com um homem da cidadezinha de Concrete, no interior do estado de Washington, chamado Dwight. Ele tem um temperamento difícil, sem muita paciência com os jeitos alternativos de ver a vida. Creio que seja um protótipo do homem do interior da década de 50, machista, mecânico, caçador, escoteiro e troglodita. É claro que, somente depois do casamento ele começa a mostrar sua verdadeira face, e aí já é tarde demais para querer mudar de cidade novamente.
Toby se vê totalmente submerso nesse mundo opressor e caipira de Concrete, onde os meninos têm inteligência de menos e um futuro previsível demais. Dwight embarca em uma missão cruel e irrefreável, a de transformar Toby em um garoto exemplo (segundo seus próprios padrões, é claro), trabalhador, valentão e submisso, excluindo-se disso qualquer tipo de atividade cultural ou educação. Daí a história inteira foca na relação tempestuosa entre os dois; fruto disso, temos várias cenas memoráveis entre DiCaprio e DeNiro.
Questões como escolhas pessoais também são bastante abordadas na história, Toby se vê querendo ir na direção contrária dos trilhos em uma cidade de perspectivas zero, e sua mãe desiste de lutar contra a personalidade agressiva de Dwight, tornando-se uma esposa obediente e passiva. Jack tem escolhas a fazer, ele pode seguir os ensinamentos do padrasto e se submeter a uma vida de gerente de supermercado ou seguir o que sente que merece fazer: ir para a faculdade.
Ainda não li o livro, mas o filme por si só, sem dúvida alguma, conseguiu mostrar os conflitos internos de Jack de uma forma muito clara e intensa...a história de um garoto comum que levava uma vida relativamente confortável e subitamente se vê confrontado por situações que nunca pensou que teria de viver - passando por experiências não comuns à fase da adolescência - mostrando como ele enfrenta isso. As atuações notáveis são apenas a cobertura do bolo. Mesmo pra quem não gosta de filmes "velhos", acho que vale muito a pena revisitar, não só por todas as qualidades indubitáveis, mas também pra conferir o Leo no iníciozinho da carreira!
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| O trio de ouro do filme: Caroline, Toby e Dwight. |
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| Um dos vários momentos em que Dwight aprecia a infelicidade de Jack. |
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| Cena clássica em que Dwight tenta ensinar Toby a lutar. |
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| Mãe e filho (Toby com topete James Dean ou Flock of Seagulls? lol) |
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