19 de dez. de 2011

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (Michel Gondry - 2004) - PARTE I (Com Spoilers)


Nota: 5/5

Bom, vou ser bem parcial em relação a esse..já que é o meu filme favorito de todos os tempos. Foi lançado em 2004, mas só fui assistir na íntegra em 2008. Acho que posso dizer que tenho uma longa história com ele, foi o meu primeiro contato com esse outro lado dramático do Jim Carrey, e me identifiquei mais do que é possível com a Clementine, personagem da Kate Winslet. Os dois são, por coincidência, os meus atores favoritos também. Adoro todos os aspectos do filme..desde roteiro, trilha sonora, referências culturais..até o figurino. Vou dissertar um pouco sobre a história em geral, e algumas interpretações interessantes.

A história é basicamente sobre um casal de namorados que recentemente terminou. Ela decide esquecer de tudo o que eles passaram juntos e opta por um processo onde as memórias de um evento ou período específico de nossa vida são apagadas completamente, tudo feito numa clínica chamada Lacuna Inc. Ele acaba descobrindo que ela o apagou de sua memória e acaba fazendo o mesmo. No entanto (e aí está toda a grande tirada da história), durante o processo de apagamento, ele se arrepende ao perceber que ainda ama ela. Com essa "sinopse", deu pra ver a história bem por cima. Olhando mais de perto, então...

Clementine Kruczynski é a personagem da Kate Winslet, ela é totalmente o oposto do Joel, totalmente impulsiva, emotiva, insegura, e às vezes, até desequilibrada. O que me chama mais atenção na personagem é que ela é uma mulher real, não é uma heroína idealizada e perfeita. Ela tem suas falhas e seu lado egocêntrico como qualquer um de nós. Isso se exemplifica na sua frase clássica: "I'm not a concept. I'm just a fucked up girl who's looking for my own peace of mind", o que traduzindo, seria: "Eu não sou um conceito. Sou apenas uma garota ferrada procurando pela minha própria paz interior".
Mas, Clem também tem seu lado fantasioso, ela tem um carisma muito cativante e possui o dom de "te tirar da vida mundana", como diria o Joel, e é justamente isso que chama à atenção dele, pois ela consegue o resgatar da sua vida tediosa e rotineira e levá-lo a um mundo paralelo onde as coisas são empolgantes e coloridas.  Outra característica bem marcante é o cabelo, ela mesma diz que "aplica sua personalidade numa tinta". E é, realmente, através da cor do seu cabelo que nós podemos traçar uma linha cronológica na história (já que o filme se passa no modo mais não-linear possível).
Joel Barish é o personagem do Jim Carrey, ele é um cara extremamente introvertido e tímido, dá pra dizer que ele é bem "na dele". Vai de casa pro trabalho todos os dias, leva uma vida bem quieta e rotineira. No início da história, ele tem uma namorada, a Naomi, mas acaba não dando muito certo, e em uma festa na praia, com os amigos Rob e Carrie, é onde ele vê, pela primeira vez, a Clementine. Mas, por dentro, eu creio que ele seja diferente, é como se a Clem fosse a sua parte interior, a diferença é que ela consegue/tem coragem de expressar essa extroversão, enquanto o Joel mantém essa "energia" guardada lá dentro. É por isso que eles combinam tanto, apesar de serem polos opostos de uma mesma moeda.

Outra razão que me faz adorar ainda mais Brilho Eterno é que a cada vez que eu assisto (e, acredite, já foram muitas), eu descubro coisas novas. Depois de um tempo, fui descobrir sobre a "linearidade" das cores do cabelo da Clem, fica bem mais fácil se localizar na história e entender a linha do tempo se você tomar como referência a mudança de cores. Como a história começa, na verdade, pelo final, vou descrever a sequencia certa aqui:

1ª cor: VERDE - Na cena onde ela conversa com Joel pela primeira vez, na praia, também quando eles "invadem" a casa de David e Ruth Laskin, Joel fica apavorado com a situação e foge, sem se despedir, se sentindo humilhado.

2ª cor: VERMELHO - Na cena onde Joel vai procurar Clementine no lugar onde ela trabalha, na livraria Barnes & Noble, pra se desculpar por ter ido embora sem dizer nada, na festa. Ele a convida pra sair, e é a partir daí que eles começam o relacionamento propriamente dito.

3ª cor: LARANJA - Aparece pela primeira vez na cena em que Clem pinta de laranja, naturalmente...é quando Joel dá a ela o apelido de "Tangerina", mais tarde incorporado ilicitamente por Patrick, personagem do Elijah Wood (e também muito incorporado pela minha pessoa). O mais importante é ressaltar que durante a fase laranja, o namoro começa a declinar, e consequentemente, termina. Dá pra ver isso na cena do restaurante japonês, a cena onde eles andam pelo "flea market" (uma espécie de "camelô"), e a fatídica cena onde a Clem chega bebâda em casa, às 3 da manhã depois de ter batido o carro do Joel, e ele diz que acha, sim, que ela dormiu com alguém, afinal, "é só desse jeito que ela consegue fazer com que as pessoas gostem dela". Depois dessa frase, basta dizer que ele nunca mais viu ela.

4ª cor: AZUL - A cor azul marca o período pós-término com Joel e também o pós procedimento na Lacuna. Aparece na 1ª cena do filme, onde os dois "casualmente" pegam um trem juntos, o que marca o momento do reencontro e do recomeço. Lembrando que a cor azul marca a primeira cena e também a última, onde eles reatam o relacionamento.
                                    


O post continua..!



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