3 de jan. de 2012

Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (Michel Gondry - 2004) - PARTE II (Com Spoilers)

Levando mais além a conversa sobre Brilho Eterno, no post anterior falei sobre as personagens principais, Joel e Clementine, um pouco sobre cada um e sobre a relação entre eles, e a particularidade da cor dos cabelos da Clem...então, agora resta falar mais sobre o procedimento feito na Lacuna Inc, onde determinadas memórias são apagadas, a pedido do cliente.
                       
Basicamente, é isso.  Se houve alguma decepção, perda ou qualquer outro sentimento negativo em relação a uma lembrança, você pode requisitar os fortuitos serviços dessa clínica, para fazer uma verdadeira limpa no seu cérebro. Quando perguntado pelo Joel se o procedimento não causava nenhum dano cerebral, o Dr. Howard Mierzwiak (interpretado pelo Tom Wilkinson), responde que, na verdade, o procedimento em si já é um dano cerebral, mas que não há nenhuma consequência a longo prazo, somente uma dor de cabeça a la ressaca. O mais engraçado é que na época do dia nos namorados - que nos EUA é celebrado no dia 14 de fevereiro - o movimento da Lacuna atinge o seu auge, algo bem irônico, não?
Tenho certeza de que se realmente existisse um lugar como esse, que apagasse memórias desagradáveis, faria o maior sucesso. Mas é esse o ponto chave de todo o filme. Como nós, seres humanos, queremos nos livrar de todas as experiências que foram ruins, apagá-las, fazer com que nunca tenham existido, e está justamente nisso o nosso erro. Nós precisamos dessas memórias ruins, para podermos aprender algo, para podermos nos lembrar delas no futuro, quando algo semelhante ocorrer, para podermos tirar algo bom desses erros e, assim, nos tornarmos pessoas melhores. Tanto é, que ao final do filme, percebemos que nenhum procedimento desses deu 100% certo. Houve algo, em certo ponto da história, que fez os personagens recordarem que tinham passado pelo procedimento, para então se arrependerem e pensarem de outra forma. Pensarem que, na verdade, aquela memória que quis apagar um dia, não tinha sido tão ruim, que ela serviu para alguma coisa, além de causar dor.
É todo esse conflito que inspira o nome do filme, tirado de um poema de Alexander Pope, um escritor inglês do séc. XVIII. O trecho diz:

"Feliz é a inocente vestal
Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida
Brilho eterno de uma mente sem lembranças
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança".

Poderia continuar dissertando infinitamente sobre o filme, mas quis fazer apenas um "grande resumo" sobre a história e alguns de seus elementos. Recomendo muito Brilho Eterno, é um filme realmente único, além de ser belo, aborda um tema que não se vê em qualquer outro filme. Finalizo com a minha imagem favorita.



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