8 de ago. de 2013

O Homem Que Matou o Facínora - The Man Who Shot Liberty Valance (John Ford - 1962)

Nota: 5,00/5,00


     Nunca fui muito fã de westerns, porque sempre pensei que eles não diziam nada sobre a minha realidade...filmes "feitos para homens", onde as mulheres eram prêmios de disputas entre egos/falos..mas não entremos no mérito, prefiro falar sobre o filme em si, que mais uma vez vem pra mudar a minha opinião sobre o gênero. Já tinha ouvido falar muito sobre esse tal homem que matou o Liberty Valance, e agora, depois de assistí-lo, posso dizer que gostei muito, as quase 2h passaram correndo e eu nem percebi, tão entretida estava com a trama. 
     É indispensável fazer uma leitura história e contextual do filme, também. Após algumas buscas, eu descobri que esse filme (feito em 1962) significou muito mais do que apenas "mais um faroeste do John Ford starring John Wayne", porque significou o início do declínio do gênero...(nos anos 60 poucos ainda se interessavam em investir em filmes tão anacrônicos quanto westerns, eu imagino). Na história, James Stewart (Rance Stoddard) é um jovem advogado que vai tentar a sorte no oeste, mas obviamente ele não faz ideia da selvageria que vai encontrar por aquelas bandas..do outro lado temos o John Wayne (Tom Doniphon), o típico homem do oeste, batalhando diariamente contra os valentões (personificado pelo Liberty Valance) e as adversidades do deserto.
     A chegada do Rance representa uma quebra total do cenário do velho-oeste, com ele chegam também elementos da dita "sociedade civilizada", ele fala com palavras bonitas, lê livros, monta uma escola de alfabetização e fala pelos cotovelos sobre democracia e justiça, métodos opostos aos de Doniphon, que só conhece a lei feitas pelos próprios punhos. História vai, história vem, Liberty Valance desafia Stoddard para um duelo mano a mano, no qual o "valentão" acaba morrendo. Passamos boa parte da história pensando que quem matou o facínora foi realmente James Stewart (eu sempre tive minhas desconfianças, haha),mas depois acabamos descobrindo que, na verdade, foi o John Wayne quem realmente matou Valance, disparando de onde ninguém poderia vê-lo. Esse feito do Doniphon foi algo realmente heroico, ele não tinha nada a perder se o Stoddard morresse, e de quebra ainda ficaria com a mocinha..então penso que podemos dizer que a morte do Valance também significou a morte do Doniphon. A morte simbólica dos "facínoras" do oeste, dos homens que achavam besteira toda esse falatório sobre democracia e leis...é também uma espécie de despedida do John Ford dos faroestes, pelo que andei lendo.
     Outro ponto não menos interessante da história é o papel da imprensa, já naquela época era uma faca de dois gumes, gostei que mostra os dois lados da coisa. Em certos momentos os jornalistas aparecem como abutres em busca de qualquer notícia para estampar sua primeira página (no início), mas posteriormente aparecem também como aquela imagem idealizada que temos do jornalismo: os profissionais responsáveis por trazer a verdade e a democracia ao povo (quando Peabody e seu Shinbone Star se envolvem com a política e apoiam Stoddard).




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